quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Post nº 14

NERO - O  IMPERADOR QUE INCENDIOU  ROMA  E  JOGOU  OS  CRISTÃOS  ÀS  FERAS
No ano 64 DC Roma sofreu enorme incêndio que destruiu metade da cidade e matou milhares de pessoas. O
povo acusou Nero e ele culpou os cristãos, mandando jogá-los às feras para apaziguar as massas
    

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Nero foi um dos piores e mais cruéis imperadores romanos e se dissermos que foi um "monstro moral" não estaremos longe da verdade. Todavia, poucos foram tão populares e tão amados pelo povo quanto ele, a ponto de não acreditar que tivesse morrido e surgirem impostores dizendo-se Nero à frente de revoltas populares buscando ter o trono de volta. Todos foram presos e executados, mas não foi excluído o fato de que a versão oficial da morte do tirano era duvidosa e difícil de convencer a quem estudasse o assunto com atenção, pois embora o suicídio fosse forma comum de briosos líderes romanos escaparem do opróbrio, Nero não era nem brioso nem era líder. Na verdade, era cafajeste da pior espécie que chegou ao poder com apenas dezoito anos de idade graças aos sórdidos crimes e intrigas políticas de sua mãe, a imperatriz Agripina, os quais incluiu o envenenamento do imperador Cláudio, seu tio e marido.

Ela era a irmã mais nova de Calígula e cresceu vendo todos os tipos de crimes e loucuras de que era capaz o seu monstruoso irmão, portanto não surpreende que, com tão exímio professor, ela assimilasse grande parte de suas perversas lições. Apesar de fria, cruel e assassina, Agripina era mãe extremosa. Além de fazer o filho imperador, preterindo o jovem príncipe herdeiro Britanicus, seu primo e enteado, deu a Nero os melhores mestres de Roma, o filósofo Sêneca e o erudito Bhurrus, possibilitando-lhe ter excelente educação e adquirir boa cultura, sobressaindo-se em artes e literatura para imensa satisfação dos sábios professores. Todavia, Agripina era pouquíssimo rigorosa em questões de disciplina e mimava excessivamente o filho, permitindo-lhe sempre satisfazer as vontades por mais incorretas e inapropriadas que fossem. Isto agravou a licenciosidade e perversidade de Nero, fazendo-a arrepender-se amargamente do erro de pô-lo no poder, pois ela logo seria a mais notória vítima do celerado imperador.

 A arrogância e ambição de Agripina passaram dos limites quando ela mandou cunhar
moedas imperiais com sua efígie ao lado da efígie do filho imperador


O início do seu reinado no ano 54 DC foi auspicioso, pois não só era gentil com todos como seguia à risca os conselhos dos seus ex-professores e agora sábios ministros Sêneca e Burhus. Mas sua ambiciosa mãe queria ser a soberana de fato e arrogantemente se intrometia nos negócios do Estado, contrariando as próprias ordens do imperador e dos seus ministros, o que logo a tornou impopular e detestada pelo filho que tudo devia a ela. Enquanto isso, a fama de Nero crescia como rapaz culto, atencioso, moderado e governante conscencioso. Porém a arrogância de Agripina não lhe dava sossego e ela chegou ao ponto de mandar cunhar moedas tendo não somente a efígie do imperador mas também a sua, como se ambos fossem co-governantes. Por fim Nero perdeu a paciência e, apoiado pelos ministros e pelo povo, a exilou em luxuosa mansão fora da cidade, proibindo-a de voltar a Roma.

Nero envenena seu irmão Britanicus em um banquete e manda cremar o
               cadáver sem demora. Ilustração de François Chauveau (séc. XVII)

Mas ela continuou a intrigar, e para castigar o filho ingrato aproximou-se do adolescente príncipe Britânicus, seu enteado e filho legítimo do falecido imperador Claudius. Por direito o imperador deveria ser Britanicus, o que fez Nero suspeitar de um complô liderado pela mãe para substituí-lo pelo irmão. Em consequência, o envenenou durante um banquete e disse aos convivas que o jovem tivera um ataque epilético, mandando que os servos o levassem para o seu quarto, mas na verdade para dar fim ao cadáver. Assim, enquanto o seu irmão assassinado era secretamente cremado nos fundos do palácio Nero continuava a se banquetear alegremente como se nada tivesse ocorrido.

O grande filósofo Sêneca foi a mais famosa e ilustre vítima do monstruoso Nero. Quadro "A Morte
de Sêneca" do pintor italiano Luca Giordano (séc. XVII)

A partir daí Nero desembestou e logo depois mandou matar a sua mãe Agripina a golpes de espada. Querendo libertar-se de toda e qualquer tutela que pusesse freio aos seus instintos perversos, livrou-se dos seus dois sábios ministros, mandando envenenar Burhus e ordenando que o idoso Sêneca se "suicidasse". Nem mesmo o jovem e brilhante poeta Lucano de apenas vinte e seis anos, maior poeta romano da época, escapou à sua sanha assassina, alguns dizem que por pura inveja do seu talento. Para tanto aproveitou a tola conspiração de alguns aristocratas idealistas, de cujo círculo Lucano fazia parte. Eles logo foram denunciados por sórdidos ex-escravos,  que tinham feito da espionagem e da delação lucrativo meio de vida a serviço do histriônico imperador, e o resultado é que tanto Sêneca, o maior filósofo, como Lucano, o maior poeta da época, foram obrigados a cometer suicídio no altar da monstruosa tirania.

Escultura em corpo inteiro da imperatriz Agripina apresentando Nero ao povo
como sucessor do recém falecido imperador Cláudio (54 DC)
         
Depois de assassinar o irmão, a mãe, e o que havia de melhor entre seus ministros e notáveis intelectuais, Nero entregou-se de corpo e alma à mais feroz devassidão e despotismo. Curiosamente, ao mesmo tempo em que assassinava o que havia de melhor na intelectualidade de Roma, ele posava como protetor das artes e da cultura, promovendo festivais de poesia, música, dança, teatro e esportes, dos quais muitas vezes participava como ator, músico e dançarino. O fato causou enorme escândalo na aristocracia, que julgava isso indígno de um simples nobre, que dirá de um imperador. Não satisfeito, passou a participar no hipódromo de corridas de bigas, como cocheiro, e de cavalos, como jóquei, coisas julgadas ainda mais indignas pelos cidadãos de respeito. Porém suas extravagâncias só fizeram aumentar sua popularidade, pois o povo começou a tê-lo como "um dos seus", sobretudo porque duplicou a ração de "pão e circo" que o governo dava às massas. Mas isso não impediu a sua popularidade de periclitar quando Roma foi assolada por grande incêndio que a destruiu pela metade em 64 DC. Para acalmar o povo, revoltado com sua incapacidade em lidar com a catástrofe e suspeitando ter sido ele o culpado, acusou os cristãos de serem os autores do incêndio e prendeu centenas deles, jogando-os aos leões no circo para divertir a populaça. Outros foram untados com óleo e queimados à noite em cruzes espalhadas pelas ruas para iluminá-las com tochas humanas.

Para aplacar as massas enfurecidas Nero culpou os cristãos pelo incêndio de Roma e mandou atirá-los
aos leões no circo. Quadro de Jean-León Gerôme (séc. XIX) 

Diz a lenda que durante essa brutal perseguição foram executados São Pedro e São Paulo, mas não há evidências históricas disso, e nem mesmo de que ambos estivessem em Roma na ocasião, embora fosse bastante provável. Fato é que Nero continuou sua sinistra trajetória política de crime em crime e a devassidão da sua vida privada chegou ao auge quando repudiou a sua virtuosa esposa Otávia e a exilou em uma ilha, onde poucas semanas depois mandou seus guardas matá-la e trazer-lhe a sua cabeça para presenteá-la à sua ciumenta amante Popeia. Nem bem o corpo de Otávia esfriara, ele casou com a sua linda e depravada amante, mas o casamento não durou muito: algum tempo depois, estando ela grávida, matou-a a ponta-pés dentro do palácio imperial após voltar de uma orgia completamente bêbado! Enquanto assim agia na esfera privada, matando o irmão, a mãe e duas esposas, na esfera pública ele se comportava com total despudor e irresponsabilidade, esvaziando o tesouro com gastos absurdos e não dando a mínima importância às contínuas guerras que o Império era obrigado a sustentar em seu imenso território e ao longo das suas extensas fronteiras.

Nero dava ao povo grandes espetáculos. Entre os mais populares estavam as corridas e às vezes
ele atuava como cocheiro

 Após mais de uma década de desmandos, crimes hediondos e corrução desenfreada, ele resolveu mexer com quem não devia: o Exército! Por razões obscuras, mandou executar o general Córbulo, um dos mais competentes e admirados generais da época, e o alto comando viu que Nero era um perigo não só para cortesãos e desafetos como para qualquer um capaz de lhe fazer sombra ou representar perigo à sua tirania. A conspiração tomou corpo e os generais Vindex, comandante das legiões da Gália, e Galba, comandante das legiões da Espanha, se revoltaram no início de 68 DC, esperando contar com o apoio do influente general Virgínio, comandante das poderosas legiões do Reno. Mas, muito aferrado à disciplina, ele discordou da revolta e ficou ao lado de Nero, atacando e derrotando Vindex, que se suicidou ou foi morto por seus próprios soldados. Sem saber o que fazer com a vitória, o general vitorioso foi imobilizado quando a soldadesca o proclamou imperador no lugar de Nero, e, dividido entre o dever e a ambição, ficou indeciso e buscou um acordo com Galba, rebelado na Espanha. Tudo indica que a morte de Vindex ao invés de enfraquecer os rebeldes os fortaleceu, pois a essa altura todos os altos oficiais viram que a anarquia se alastrava e nenhum deles estaria seguro no caso de uma guerra civil, pois Nero era muito popular nos baixos escalões da soldadesca pelos substanciais aumentos de salários que lhes dera. Isto os paralisou e preferiram não se arriscar, permitindo às legiões ibéricas do enérgico e decidido general Galba reiniciar a rebelião temporariamente interrompida. Todavia nada ainda estava decidido, pois Virgínio continuava indeciso, esperando para ver de que lado soprariam os ventos, e Nero poderia ter ficado no poder se tivesse um mínimo de habilidade e competência política, mas não tinha nenhuma das duas e entrou em pânico ao saber que os generais confabulavam entre si e faziam ouvidos moucos às suas ordens idiotas. 

Busto de Nero pouco antes da sua fragorosa queda e misterioso "suicídio"

Aproveitando-se da incompetência e do pânico de Nero face à confusão geral, pois ninguém sabia ao certo quem era leal ou quem era rebelde, os cidadãos dotados de consciência política, que odiavam o cruel tirano, espalharam o boato de que Galba chegara em marcha forçada ao norte da Itália com o apoio do grosso do exército do norte e entraria em Roma em breve. Os dias de Nero estavam contados! Isto fez com que o acovardado Senado decretasse a deposição do monstro e o declarasse fora da lei (junho de 68 DC). Achando que estava tudo perdido, a guarda imperial se acovardou, abandonou o palácio e trancou-se nos quartéis. Parentes, ministros, cortesãos, empregados e escravos também fugiram deixando Nero praticamente só, pois apenas sua serva e amante Áctea, com um fiel escravo e alguns ex-escravos, entre os quais o liberto Phaon, permaneceu ao seu lado.

A história diz que ele fugiu com os libertos para uma chácara que possuía nos arredores de Roma, encontrando-a deserta. Depois um dos libertos o teria ajudado a suicidar-se enquanto ele dizia: que grande artista perde o mundo! Mas é difícil acreditar que no geral panorama de covardia e omissão ex-escravos tenham se portado tão nobremente, arriscando-se a ficar com ele até o fim, quando os seus próprios ministros e familiares já lhe tinham virado as costas. A hipótese mais provável é que ele fugiu só com Áctea e o escravo para a casa de campo. Vendo-a deserta, o seu caráter covarde o pôs de novo em pânico e Áctea, prevendo que ele logo seria preso e ultrajado antes da inevitável execução, certamente o aconselhou a fazer algo inteligente.

A versão oficial é que ele se suicidou e seus fiéis servidores fizeram uma pira funerária onde o cremaram, de sorte que os guardas acovardados, que haviam se colocado à disposição do Senado tão logo o tirano fugira, saíram à sua procura e ao chegarem à chácara só acharam cinzas e restos humanos irreconhecíveis. Indagados por que haviam feito a cremação com tanta rapidez, os autores e testemunhas do fato disseram que apenas cumpriram as ordens do amo, pois ele temia que seu cadáver fosse vilipendiado e arrastado pelas ruas de Roma. Os oportunistas guardas e senadores tinham sido leais a Nero até poucos dias atrás e por isso não investigaram o assunto mais a fundo, preferindo dá-lo logo por encerrado. O rápido inquérito concluiu que os depoimentos eram convincentes e que os anéis calcinados encontrados nos despojos, inclusive o que continha o sinete imperial, eliminavam quaisquer dúvidas. Assim, confirmaram o suicídio do déspota e aclamaram Galba novo imperador. Mas outra versão diz que os guardas chegaram antes da cremação e puderam testemunhar que o cadáver era mesmo de Nero, por isso o Senado promoveu-lhe discreto funeral e depositou suas pretensas cinzas no túmulo da família. Porém é lícito pensar que isso foi inventado e o funeral foi encenado apenas para tirar as dúvidas dos recalcitrantes que se negavam a acreditar no suicídio do sórdido imperador após a aclamação de Galba.

Lutas de gladiadores eram o espetáculo preferido dos romanos e Nero as proporcionava em abundância
                                    às massas, por isso elas o adoravam. Quadro de Jean-León Gerôme (séc. XIX)

            A verdade é que o povão idolatrava Nero pela fartura de pão e circo que ele lhe dava e recusou-se a acreditar na sua morte. Para completar, algum tempo depois Áctea e o escravo sumiram e os boatos eram de que eles tinham ido se juntar ao saudoso imperador em seu esconderijo. Isto fez impostores dizerem-se Nero e reivindicarem o trono à frente de multidões rebeladas, mas foram presos e executados. Alguns meses depois o novo imperador foi assassinado em um motim militar e mais dois imperadores o seguiram em rápida sucessão, o que piorou as coisas ainda mais. Seguiu-se um ano de anarquia até que o enérgico e hábil general Vespasiano tomou o poder e restaurou a ordem abalada, quase que imediatamente dando início à construção do Coliseu, o maior e mais suntuoso circo que já existira (70 DC). Isto deu emprego à turba ociosa da capital e fez com que os arruaceiros logo esquecessem o seu pranteado ídolo.

Para dar vazão ao seu "gosto artístico", Nero mandou martirizar uma jovem cristã amarrando-a ao dorso
                            de um touro para reencenar o mito de Dirce. Quadro de Henryk Siemiradzki (séc. XIX)

Todavia, por incrível que pareça, o mito de Nero como "ótimo imperador" persistiu durante anos no meio do povo e vez por outra apareceram impostores dizendo-se Nero e arrebanhando centenas de seguidores, os quais eram logo dispersos pelas autoridades e quase sempre presos e executados. Isto originou debates entre historiadores, alguns, como Flavius Josefus, defendendo Nero, e outros, como Suetonius e Dion Cassius, atacando o monstruoso tirano. Porém, por mais boa vontade que se tenha, impossível é não concluir que ele foi um desastre como homem e como governante. Uma fria análise do seu caráter e das suas ações privadas mostra que ele foi um degenerado moral dotado da mais extrema perversidade, e um cuidadoso exame do seu governo e das suas ações públicas mostra que ele foi um dos piores e mais torpes imperadores que Roma teve em toda sua história. 
           
Porém, pondo de lado a história oficial e as críticas pró e contra para focar apenas na sua morte, há bons indícios de que o povão estava certo e que o suicídio de Nero foi uma farsa. As evidências mostram que ele seria o último sujeito do mundo a suicidar-se, pois gozava a vida a todo vapor. Apesar de ser covarde e monstruoso, ele tinha apenas trinta e dois anos, era boa pinta, culto, educado e muito simpático. Era também farrista inveterado e se lixava para as tarefas de governo, deixando-as aos cuidados de corruptos e incompetentes cupinchas, geralmente ex-escravos e gente da mais baixa extração social. A sua paixão era o teatro, pois tocava vários instrumentos musicais, cantava, recitava, dançava e representava! Também adorava competições esportivas, das quais às vezes participava e vencia por absurdas decisões de juízes aduladores. Em resumo: sendo um maníaco assassino destituído de qualquer tipo de sensibilidade humana e de mínimos freios morais capazes de levar o homem normal à autocrítica e ao arrependimento, Nero era o típico indivíduo monstruoso que jamais se suicidaria!

Guiando o seu próprio carro, o monstruoso imperador passeia por avenida de Roma
iluminada por cristãos transformados em tochas humanas

Exame detalhado da sua psicopática personalidade hedonística e assassina, insensível ao sofrimento alheio e ligada apenas aos gozos egoístas mais pervertidos e aos mais baixos apetites pessoais, dá suporte à hipótese de que, ao contrário do relato histórico, ao chegarem à chácara deserta ele e os seus comparsas mataram algum pobre diabo que perambulava nos arredores, vestiram-no com os trajes refinados do imperador, puseram-lhe nos dedos os anéis imperiais e o queimaram. Em seguida Nero, grande aficionado da arte dramática e que já atuara nos palcos como amador, disfarçou-se e foi para o esconderijo seguro que lhe indicaram. Levando bastante dinheiro e mantimentos, esperou a poeira sentar e Áctea ir com o bom escravo encontrá-lo. Depois viajaram incógnitos e juntaram-se como modestos atores a algum circo mambembe itinerante. Sempre atuando, devem ter chegado ao mar Egeu e desembarcado na Ásia Menor, onde a língua franca era o grego. Nero o falava bem e, com a experiência teatral que adquirira e o dinheiro que levava, não lhe deve ter sido difícil tornar-se ator razoável e dono de circo ambulante. As possibilidades de ser reconhecido eram nulas, pois nunca estivera na Ásia e na época não havia jornal, fotografia, rádio ou televisão; suas habilidades lhe permitiam representar o papel de homem do povo, com o qual sempre convivera bem, e, como os atores usavam máscaras quando atuavam, era impossível alguém da plateia reconhecê-lo. Ademais, chances de um romano seu conhecido ir ver o espetáculo de um circo no interior da Ásia eram de uma em um bilhão!

É só uma hipótese, mas é bem possível que Nero tenha vivido feliz como ator o resto da vida tendo sempre ao seu lado a dedicada Áctea e morreu velho de causas naturais. Talvez em pleno palco, como aconteceu ao famoso Molière muitos séculos depois!



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